segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Foi num domingo



Foi num domingo que a gente se encontrou pela última vez, não que eu soubesse, eu não sabia que aquele dia seria a última vez que eu te veria, talvez você soubesse, talvez fosse seus planos me abandonar assim, sem despedidas, não sei.
O que sei é que foi num domingo, fazia frio, o dia estava nublado, o vento cortava silencioso o ar, você me viu, roçou seus lábios nos meus levemente, me abraçou e aprofundou o beijo, eu suspirei, você sorriu. 
No sofá da sala da sua casa, sentamos em silêncio, tanta coisa pra ser dita, mas as palavras se perderam na tensão desse último encontro. 
A conversa foi banal, você não me deu nem um único sinal de que seria o fim, o beijo foi mais doce, o abraço mais carinhoso, as risadas mais alegres. E eu não percebi nada, pensava que dessa vez daria certo, que dessa vez nós daríamos certo. Não deu. E eu quase me declarei, engoli as palavras no momento em que o seu celular tocou, você se levantou sem nem mesmo se desculpar e atendeu, falando baixinho, sorrindo com vontade. Se afastou, me deixando sozinha na sala, eu ouvi pedaços de sua conversa ao telefone, e me perguntei quem seria a pessoa do outro lado da linha, a pessoa que tinha o seu sorriso mais sincero e as suas palavras mais amorosas? Não era eu... 
Eu ainda continuava sentada no sofá da sala, quieta, tentando acalmar o coração, querendo correr, querendo gritar, querendo fugir. Mas continuei no mesmo lugar, esmagada pela dor e pelo ciúmes.
A ligação terminou e você apareceu na sala com um jeito desconfiado, com as bochechas rosadas, parecia genuinamente feliz e arrependido de me ter ali, com você.
Eu forcei um sorriso, disse que precisava ir embora, estava tarde. Sempre seria tarde em relação a nós dois. Você sorriu de volta, quase aliviado por ser eu a ter pensado nesse subterfúgio. Eu levantei, agradeci, o quê eu não sei, não se agradece por companhia, ou por beijos e abraços. Você me abraçou, e eu quase chorei, mordendo os lábios pra conter as lágrimas. 
Eu disse "tchau" e você balbuciou um "adeus". 
E nunca mais te vi. 

 E são nesses malditos domingos nublados que eu sempre lembro de você. 
Ainda não consegui te esquecer!

— Rosi Rosa


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