segunda-feira, 28 de julho de 2014

Ao sol.



Sentei-me ao sol, ele aquecia minha pele, mas o meu coração continuava frio, gélido  e batendo descompassado. Serena por fora e vivendo uma batalha tormentosa por dentro. 
Essa sou eu!
Eu!
Que nas madrugadas me entrego a uma dor visceral, na escuridão do meu quarto, eu choro, sozinha. 
Quero conversar. Mas não tem ninguém pra me ouvir!
Quero gritar. Quero esbravejar. Mas isso resolveria essa dor que sinto? 
Resolveria? 
Não, a solidão não se resolve aos gritos e nem mesmo se eu brigar com o mundo. 
E é por isso que deixo o sol acariciar minha pele com seus raios quentes, na ânsia de me aquecer por dentro, e eu me sentir um pouco mais quente e...  

Viva. 



— Rosi Rosa


domingo, 27 de julho de 2014

Sabe o que é chato?



Sabe o que é chato? Perceber que tudo que acreditamos é uma verdadeira mentira. Destino, alma gêmea, amor verdadeiro, e todas essa bobagens infantis de conto de fadas.


- 500 dias com ela

Você foi feliz?




- Depois que eu fui embora, você foi feliz?
Me recordei dos choros, sofrimentos, loucuras e aquela vontade de morrer por sentir falta. Mas apenas virei para ele com um sorriso de indiferença e disse:
- Muito, muito feliz.
Thiara Macedo

Razão de ser



Escrevo. E pronto.

Escrevo porque preciso,

preciso porque estou tonto.

Ninguém tem nada com isso.

Escrevo porque amanhece,

E as estrelas lá no céu

Lembram letras no papel,

Quando o poema me anoitece.

A aranha tece teias.

O peixe beija e morde o que vê.

Eu escrevo apenas.

Tem que ter por quê?


- Leminski, Razão de Ser.

Pessoas e livros





Aprendi que as pessoas
não são livros,
onde você pode colocar
um marcador
e voltar
para mesma página
quando se sentir sozinha,
em uma dessas noites frias,
em que você precisa
de palavras
que aqueçam sua solidão.





- Sean Wilhelm

Girassol



Girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou.


- Caio Fernando Abreu.

Que seja lindo





Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto brega na sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira…). Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjoos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina.


- Tati Bernardi.

sábado, 12 de julho de 2014

Eu te vi





Eu te vi tão distante. 
Sorrindo.
Eu te olhei e desejei que você também me visse.
Não viu.
Continuava sorrindo. 
Feliz.
Nos meus lábios, apenas um risco de tristeza. 
Seria o meu sorriso? 
Triste.
Tão distante você estava.
Tão longe de minhas mãos você se encontrava.
Tão longe de minha voz.
Do meu coração.
Eu gritaria, mas percebi que seu coração não reconheceria  mais o som da minha voz.
Continuei te olhando.
Memorizando a sua risada, a cor de seus olhos e até mesmo aquela ruguinha no seu nariz quando você fica pensativo.
Nesse momento, você estaria pensando em mim?
Eu sabia a resposta, claro que eu sabia. 
Sabia?
Mesmo assim, eu te memorizei inteiro. 
Na cabeça. 
No coração.
Te olhava fixamente enquanto você estava distraído, sempre sorrindo.
Te gravei na retina em luzes coloridas, somente pra te lembrar numa névoa escondida.
Sombreada. Nublada. Perdida.
Antes de me afastar definitivamente de você, eu te olhei uma vez mais e me permiti também sorrir, um sorriso mudo de adeus.
Silencioso.
Lágrimas rolaram de meus olhos e eu continuava sorrindo.
Sozinha.
Eu não soube o motivo de sua alegria, soube apenas o motivo da minha: eu te vi. 
Longe. Distante. Sorrindo.
Eu te vi.  
Longe de mim. 
E feliz!

 — Rosi Rosa.

Aceite-me. Me ame.




Aceite-me. 
Me ame.
Não me aceitou. 
Não me amou.
Nem adeus declarou. 
Apenas partiu. 
E me deixou.
Coração partido. 
Grito perdido. 
Confiança esquecida.
Nunca me amou.
E o que eu senti, era amor? 
Se foi, só me restou dor. 
A mesma dor que se transforma em lágrimas. 
A mesma dor de não ser amada. 
Por você. 

Aceite-me. 
Me ame.
Por favor!
    

                                                    — Rosi Rosa.









Se tudo fosse perfeito




Se as coisas fossem perfeitas
Não existiria lições de vida
Não haveriam arrependimentos
E nem descobertas...
Se tudo fosse perfeito
Mãos não se uniriam
E sonhos não seriam valorizados.
Se tudo fosse perfeito
Olhares não se completariam
E gestos passavam despercebidos.
Se tudo fosse perfeito
As lágrimas não existiriam
As palavras seriam perfeitas...
Se tudo fosse perfeito
Eu pularia no abismo
Sem medo da morte
Pois asas eu ganharia...
Se tudo fosse perfeito
Eu atravessaria o oceano
Sem medo de ser levada pelas ondas
Sem receios de me perder em suas profundezas.
Se tudo fosse perfeito
Dores não existiriam
E a cura não seria procurada...
Se tudo fosse perfeito
Não haveria a busca pela perfeição...
Nada é por acaso
Pois nem o destino
É Perfeito.



(Autor: Fabiana Thais Oliveira)