segunda-feira, 2 de março de 2015

Deixou-me



Deixou-me com as lembranças desfeitas, com o seu perfume em meu corpo aceso, seu gosto em minha boca molhada, seu toque em minha pele delicada... 
Deixou-me sem adeus, sem palavras de amor... 
Deixou-me sem poesia, sem versos finais. Sem rimas. Sem paixão. 
Deixou-me no sofrimento. Deixou-me na solidão.
Deixou-me sozinha. 
Deixou-me com os riscos das lágrimas em meus olhos entristecidos, minha mão estendida num aceno contido, meus lábios apertados num grito incontido. 
Deixou-me. 
Se foi. Não olhou pra trás. Não telefonou. Nem sequer voltou...
Deixou-me sem nenhum recado, nenhuma canção. 
Deixou-me, apenas. 
Foi embora. Levando meu coração. 

— Rosi Rosa. 

domingo, 1 de março de 2015

O dia que ele voltou




Quantas declarações podem caber num olhar? 
Ou, quantas explicações pode ter num silêncio?
Ele apenas tocou o meu rosto sem pressa, a mão trêmula e quente. 
Eu estremeci rapidamente. De amor e de saudades. 
Ele sorriu, um riso suave e vagaroso. Eu chorei, lágrimas de dor e de mágoas. 
Ele secou minhas lágrimas delicadamente. Eu fui incapaz de parar de chorar, tristemente. 
Ele continuou secando lentamente as lágrimas que caíam de meus olhos. Eu o fitei rapidamente, fechando os olhos em seguida. Não queria que ele enxergasse os meus medos. Ou a dor de sua partida. 
Ele me abraçou fortemente. Eu não reagi ao seu abraço. 
Ele me apertou em seu braços, protegendo-me. Eu não suportei e desabei em seu peito, chorando ainda mais, compulsivamente. 
Chorei suas promessas quebradas. Chorei meu coração partido. Chorei seu adeus. 
Chorei seu regresso. 
Teria voltado pra ficar? 
Ele me disse palavras de amor, sussurradas. Eu ouvi num silêncio abafado por novas lágrimas, frágil e calada. 
Ele beijou minhas lágrimas demoradamente. Eu abri a boca em protesto, nenhum som saiu, malditamente. 
Ele beijou minha boca com vagar e suavidade. Eu entrecerrei os meus lábios, com seriedade. 
Ele continuou o beijo, mais intenso, mais profundo. Eu aceitei sua boca na minha, sua língua na minha, a sua paixão tão crua.  Aceitei seu corpo. Aceitei seus beijos. Aceitei suas desculpas murmuradas. Eu o aceitei novamente em minha vida. 
Ele chorou comigo, os lábios ainda nos meus. Eu o confortei carinhosamente, ainda o beijando intensamente. 
Ele me amou em silêncio. Eu o amei gritando. 
Ele voltou pra mim, dizendo que longe, ficava pela metade.  Sem ele, eu parecia... quebrada, sem  laços e sem emoções . Eu estava inteira de novo, ao seu lado.
Ele me deu todo o seu amor. Eu nunca deixei  de amá-lo. 
Ele voltou. Eu nunca parti. 



Rosi Rosa.