quarta-feira, 13 de abril de 2016

Já me esqueceu?



"Não sei se você ainda é a mesma
Ou se cortou os cabelos
Rasgou o que é meu
Se ainda tem saudades
E sofre como eu.
Ou tudo já passou
Já tem um novo amor
Já me esqueceu."

— Chico Buarque.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

8 de Abril






Era o dia do aniversário dele.
Ela estava sozinha, lamentando. 
Ele? Feliz e amando outro alguém. 



Deitada, permaneci de olhos fechados, sem querer pensar no dia que acabava de amanhecer.

8 de Abril. 
Era o dia do aniversário dele. 
Eu estava tão cheia de lembranças silenciosas. 
Todas dele. Todas nossas. 
Sorrisos e lágrimas. 
Memórias perdidas no tempo, mas impossíveis de serem esquecidas.  
Fechei os olhos com força tentando apagar as lembranças dos beijos, dos abraços... tentando esquecer a sensação do corpo dele no meu. Do toque sedutor de seus dedos em minha pele aquecida. Dos lábios dele nos meus. Do coração dele batendo tão forte junto ao meu. Dos olhos dele, tão incrivelmente verdes e brilhantes fixos nos meus.
Não consegui. 
Eu ainda o respirava. O amava. O desejava. O queria ao meu lado. Agora. Sempre. 
Imaginei todos os aniversários que passamos juntos, lembrei das risadas, dos presentes... do amor que um dia sentimos. 
Amor?
Lágrimas escorreram pelo meu rosto, molhando meus lábios entreabertos e trêmulos. 
Era o dia do aniversário dele. 
E o meu sonho de amor havia acabado. 
Sonhos e planos destruídos, emoções que não vivi totalmente, amor que não declarei verdadeiramente e lágrimas que desperdicei inutilmente. 
Ele. Eu. Nós. Não existia mais. 
E será que um dia existiu?
Eu estava sozinha. 
As coisas nunca saem mesmo como a gente espera.
Os planos são desfeitos. 
Os sorrisos apagados. 
E o que resta? 
Apenas promessas quebradas e corações partidos. 
Apenas a solidão de mais um dia comum. 
Mais um dia sem ele. 
Tentei mais uma vez não lembrar dele, deixar que esse dia passasse como qualquer outro. 
Triste e solitário. 
Não consegui. 
E pensei... pensei muito. 
Nele. Sempre nele, droga!
No seu dia especial. 
Na comemoração com outras pessoas. 
Outro amor. Outro alguém no meu lugar. 
Nos sorrisos. 
Nos beijos. 
Nos abraços.
Nos presentes. 
No amor... Que não era mais meu. 
Como ele estaria agora? 
Feliz? Apaixonado?
Como esconder o ciúme que machucava o meu coração?
Seria egoismo meu desejar que ele também estivesse sofrendo nesse dia por não estar ao meu lado?
Sofrendo por não ter mais os meus abraços? 
Sofrendo por não ter mais os meus beijos? 
Seria egoismo?
Seria?
Era o dia do aniversário dele. 
E tudo o que eu podia pensar era na nossa separação. 
No adeus não dado. 
No último beijo perdido. 
Na declaração fugaz de um amor esquecido. 
Tanto sofrimento e tanta paixão. Perdidos. Dentro de mim!
Apertei os olhos com força, o coração disparado, o rosto úmido de lágrimas, dei um sorriso triste, tentando esconder a dor. 
A dor da solidão. 
Agora tudo o que eu podia sentir era mágoa. Decepção.
Uma vida sem amor. Mais solidão. 
Sem emoções, sem esperanças, sem sentimentos. Sem ele!
Era o dia do aniversário dele. 
Respirei fundo e sussurrei com paixão e amargura na voz:
— Parabéns pra você! - Eu o amo, murmurei. Ainda o amo?, pensei tristemente. Amo? Mesmo depois do adeus e do silêncio dele? 
Ainda o amo? 
Senti um aperto no coração e fiz uma prece silenciosa, apenas um leve murmurio de lábios semicerrados, desejando felicidades pro meu amor do passado:
— "Não pense que eu me esqueci, tem datas que é impossível de se esquecer: Feliz Aniversário!"
Uma lágrima escorreu por meu rosto, deslizando suavemente até meus lábios, murmurei o nome dele no quarto vazio e escuro, e por um breve momento vi que eu o amei por todas as razões erradas, que arrisquei meu coração em vão na certeza que um dia o teria por inteiro. 
Corpo, alma e coração. 
E no fim, sempre o tive pela metade. E eu queria mais, queria tudo...
Ele nunca me amou. Percebi que o amor machuca. E muito. 
Era o dia do aniversário dele. 
8 de Abril. 
Era o dia que eu iria esquecê-lo. 
Pra sempre.
— Adeus! Eu sempre amarei você. Feliz aniversário, Weslei. 
Foi um sussurro. Uma súplica. Um desejo.  Uma amargura. Uma dor. Um ressentimento. 
Um final.
Definitivo!




— Rosi Rosa.