domingo, 19 de abril de 2015

Um último choro.


 Lágrimas que nunca secavam...
Sorrisos que nunca apareciam...
Quando o amor termina... os olhos derramam sua dor num choro sem fim.

 Ela estava sozinha. E ele com um novo amor.
One Last Cry




I was here, you were there
Guess we never could agree
While the sun shines on you
I need some love to rain on me
Still I sit all alone, wishing all my feeling was gone
Gotta get over you, nothing for me to do
But have one last cry



Eu estava aqui, e você lá
Acho que nunca concordaríamos
Enquanto o sol reluz em você
Eu preciso de algum amor para chover em mim
Ainda assim, estou sozinho, desejando que meu sentimento desaparecesse
Preciso esquecer-lhe, não há nada a fazer
A não ser chorar pela última vez.

(Trecho da música: One Last Cry de Brian Mcknight)





De mãos dadas. Entrelaçadas. Olhares apaixonados. 
Ele e ela seguiam...

Ele!
Ele?

Abaixei a cabeça, desviando o olhar, um gosto amargo na boca, fitei minhas mãos vazias, meu corpo estava trêmulo e frio, as batidas do meu coração erráticas. 

Meu coração partido em mil pedaços. 
De novo.

Ele estava com outra mulher. 
Não era eu.

Ele!
Tão perto.
Tão longe.
Com outra. 

Desviei o olhar de minhas mãos, disfarçadamente os olhei, numa mistura de ciúmes e raiva, eles estavam tão próximos e apaixonados, sussurrando segredos ao pé do ouvido entre risos de alegria. 

Eu era apenas mais uma estranha testemunhando a paixão deles. 

Ele lá. Feliz.
E eu aqui. Triste.

Ele. 
Que um dia foi o meu amor. 
Hoje era a minha dor.

Uma lágrima caiu de meus olhos. Molhou os meus lábios.
Um último choro?

Eu estava ali, sentada, sozinha. O coração derramando sentimentos e mágoas.

E ele?
Com outra.
Tão perto.
Tão longe.
De mim.

Esperei meu sentimento por ele sumir. Desaparecer.
Nada.

Minha mente traiçoeira recriava momentos. Desejos. Recordações.
Respirei fundo e me afoguei em silenciosas lembranças.
Engasgando na dor.
Lembrei num vagaroso lamento.
Da paixão dos beijos dele. Dos seus braços fortes em meu corpo sedento.
Sentia-me protegida por ele.
Sentimentos estranhos.
O carinho dele, confuso.
Ele nunca me protegeu. Não me amou.
E eu o amei tanto.
Amei?
Amo!

Revirei os olhos, tentei afastar a dor, as lágrimas, o medo e a solidão.

Em vão.
Ouvi risadas.
Dele. Dela.
Ouvi meu choro.
Silencioso. Solitário.

E novamente senti meus sonhos sendo destroçados.
Quebrados.
Ele não me via. Não me ouvia. Não me sentia.

E eu?
Era um emaranhado de sensações e tormentos.
Eu o via. Com outra.
Eu o ouvia falar de amor. Pra outra.
Eu o sentia. Distante. Mais uma vez indiferente aos apelos do meu coração sombrio.

Naquele momento, ele era a luz.
E eu, a escuridão.

Fechei os olhos. Cerrei a boca. Apertei as mãos em punhos.
Um último choro.
Pra esquecer.
Pra deixar tudo pra trás.
Ele. O amor. As risadas. As lágrimas. A traição.

Deixar de viver uma mentira.
Deixar de amá-lo de verdade.

Esquecer as promessas. Os beijos. Os toques. Os pequenos desejos.
As palavras sussurradas depois do ardor do amor e do sexo.
Do encaixe perfeito. Corpo e coração.
Seu corpo. Meu coração.

Lembranças silenciosas.
Mas já não importava mais. Nada importava.

Era preciso esquecer.
Tudo.
Era preciso ser forte.
Mais uma vez.

A vida continua. Seguia. Corria.
Tão rápido.
Rápido demais. 

Era preciso deixar tudo pra trás.
Tudo acabou.

Secar os olhos. Disfarçar um sorriso.
Seguir em frente.
Levantar.
Erguer a cabeça.
Voltar a viver?

Um soluço. E ele me notou. Olhando-me com intensidade. Quase uma crueldade.
Soltou as mãos dela. E um perverso sorriso curvou-se em meus lábios. Ele ensaiou um riso frágil. Pra mim.

Eu balancei a cabeça. Ele franziu a testa.
Observou.
Minha profunda dor e meu último choro.
Soltei um longo suspiro e fui embora.
Eu queria estar sozinha pra chorar pela última vez.






One last cry, before I leave it all behind
I've gotta put you outta my mind for the very last time
Been living a lie
I guess I'm down
I guess I'm down
I guess I'm down...
To my last cry...




Um último choro, antes de deixar tudo para trás
Eu tenho que lhe tirar da minha mente de vez
Tenho vivido uma mentira
Eu acho que vou
Eu acho que vou
Eu acho que vou
Chorar pela última vez.
(Trecho da música: One Last Cry de Brian Mcknight)






Rosi Rosa

sábado, 11 de abril de 2015

Certo ou errado?




Seria apenas um encontro de uma só noite. Alguns toques e carícias. Vários beijos e um adeus. 




Ela estaria pronta pra um adeus? 

Ele diria adeus, facilmente? 

Eles se entreolharam com intensidade.  

Ela o encarou com seriedade. Ele sorriu. Um sorriso sexy e másculo. 

Com passos devagar, ele se aproximou, segurou sua cintura, puxando-a pra junto de si, do seu corpo quente e forte, olhou sua boca com olhos ardentes, inclinou a cabeça e a beijou numa sensualidade sutil. Ela gemeu. Ele intensificou o beijo, provando com a língua o seu gosto, colando os corpos com atrevimento, mostrando toda a sua excitação. Suas mãos trilhavam carícias eróticas por seu corpo esguio. 

Tocando ombros. Costas. Nádegas. Tocando-a ferozmente. Querendo tocar pele e calor. 

Querendo-a. Inteiramente. Completamente. 

Novamente. 

Ela o abraçou forte, sua língua bailando dentro da umidade doce da boca dele, lambeu seus lábios com suavidade e paixão. Ele pendeu a cabeça pra trás num gemido mudo. Ela sorriu de leve, beijando seu pescoço, sentindo a aspereza de sua barba no toque de sua língua. 


— Você quer? — Ele disse num sussurro fraco. 

Ela respirou fundo, mordendo com forças os lábios. 

Se ela queria? Ela simplesmente morreria se não o tivesse.
Sabia que ao fim daquela noite teria algumas promessas quebradas e um coração partido.
— Sim. — Disse com fervor, nervosa. — Sim. — Repetiu num gemido alto, confiante. Nos lábios um sorriso incerto.

Ele ergueu-a no colo, roçando seu corpo rijo e excitado no dela, fazendo-a suspirar de antecipação e promessas sexuais, deixando seu coração inquieto. Seu corpo inquieto. Seus pensamentos inquietos. E lascivos.
Uma noite. Apenas uma noite. E depois, ouviria o adeus. Definitivo.
Ele colocou-a cuidadosamente na cama, fitando-a intensamente, gravando na memória seu lindo corpo provocante, seu sorriso inocente, seus olhos suplicantes e o amor que ele rejeitava.
Rejeitava?
Uma noite. Apenas uma noite. E depois, diria adeus. Definitivo.
Abaixou o corpo numa lentidão deliberada, beijando os ombros dela, deslizando a alça do vestido por seus braços, desnudando-a completamente. Beijou seus seios, fazendo-a arfar de prazer. Beijou sua barriga lisa, ela retorceu o corpo, erguendo os quadris, querendo mais.
Querendo prazer e querendo amor.
Ele se livrou de suas peças de roupa com pressa, quase com violência. Deitou sobre ela, roçando seu corpo no calor do corpo dela. Beijou-a ardorosamente, suas línguas se tocando com sofreguidão, exigentes e vibrantes.
Excitado, possuiu o seu corpo sem pressa, os movimentos sensuais, ritmados... diziam adeus em cada balanço, em cada vai-e-vem, em cada gemido, em cada lamento.
Era uma despedida. Dolorosa despedida. Prazerosa despedida.
Atingiram o clímax quase juntos. Ele gritou, incapaz de conter o seu prazer. Ela chorou o seu prazer, imaginando sua vida sem ele, sem o êxtase do corpo dele.
Adeus.
Seus corpos diziam adeus, mas o  coração dela resistia a essa partida.
Ele beijou sua testa, a respiração quente, arfante. Secou suas lágrimas com beijos delicados. Ela sentiu um aperto no coração. Não sorriu. Nada falou. Silêncio.
Adeus. A palavra soou numa melodia triste, misturando com suas respirações, num misto de despedida e de dor.
— Nunca vou te esquecer. — Ele disse antes de beijá-la novamente, um beijo calmo. Um beijo de adeus.  Ele tinha medo da despedida?
Mais silêncio.
Ela fechou os olhos, deixando novas lágrimas molhar o seu rosto, sentindo a dor da despedida, temendo a solidão, o frio e o vazio que a ausência dele causaria. O corpo dele pesava sobre o seu. E ela gostava. Do calor. Da proteção. Dele.
Ela o amava. 
Ele apenas a desejava. 
Como viver essa realidade?
Respirou profundamente. Abriu os olhos lentamente. Fixou o olhar entristecido no rosto dele. Nos olhos dele. Nos lábios dele. Sentiu o coração dele bater apressadamente. Com um riso forçado abriu a boca pra falar, sua voz saiu baixinha e fraca:

— Adeus. — Disse por fim, a palavra soando ressentida. Ainda sentia o corpo dele pulsando dentro do seu.
Ele assentiu vagarosamente. Tristemente.
Era apenas uma noite. Uma noite e um adeus.
Beijaram-se afoitos, seus corpos reagindo violentamente. Deixando marcas nos lábios, no corpo e no coração. Beijaram-se pela última vez. Tocaram-se pela última vez.
Amaram-se pela última vez.
Insaciáveis. Adiando o fim.
Adeus.
Soluçando de prazer em seus braços, ela se despedia do amor. Dele.
Ele estremeceu, sentindo toda a suavidade da pele dela, gemendo o seu nome. 
Sua  voz vibrou. De prazer. E de dor.
Talvez fosse melhor que ele partisse logo. Melhor para os dois?
Entretanto, tinham uma noite inteira pra se despedir. Do amor que não queria. Dela.
Uma noite. Um adeus.
Um dia seus caminhos se cruzariam. Estariam preparados pra recomeçar?
Incerteza e medo. 
Prazer e amor. 
Urgência. Rendição. 
Fim.
Naquela noite, com seus corpos estremecendo de prazer, tudo o que eles queriam era a eternidade juntos, mas sabiam, que o fim era inevitável.
Ele queria apenas desejo. Ela queria somente amor.
Certo ou errado, ambos viviam numa única noite suas fantasias.
 Doces e amargas fantasias.
Uma noite. Um adeus.

Rosi Rosa.

A despedida nem sempre é um adeus. Pode ser um "até logo", mesmo que o logo ainda seja demorado.

Mário Pires




*Fim. 


sábado, 4 de abril de 2015

Deixando marcas.



Ele descobre o amor no momento em que ela o nega. 
Pra ele era o começo. 
Pra ela já era o fim. 




Negando o amor.



Depois de querer o amor dele, agora ela queria distância. 
Ele desconhece os sentimentos, até que começa a amá-la, tarde demais.




— Você me deixou marcado. — Ele dizia com lascividade, a marca dos dentes dela queimando-lhe o ombro, excitando-o novamente.

— Eu só marquei a sua pele, lembra? — Ela retorquiu com um sorriso maldoso, malicioso. — Nunca nem cheguei perto do seu coração. De marcá-lo com meu amor. — Falou séria, ressentida.
— Nunca vou te esquecer. — Ele ousou dizer com um sorriso tímido nos lábios.
Era um adeus?
— Esquecer-me será fácil, afinal, nunca houve sentimentos de sua parte. — Sarcasmo e dor marcavam sua voz. — Da mesma forma que você sempre me deixava livre, hoje eu o liberto das minhas emoções, dos meus sentimentos que pareciam feri-lo. — O desafiou com o olhar astuto, levantando-se, afastando-se dele de corpo e coração.
Um diálogo. Um adeus. Vários ressentimentos.
— Eu acho que me apaixonei por você. — Ele disse roucamente. Aquilo era uma declaração? Ela pensava com raiva. Deveria ser uma declaração? Ela praguejou alto.
— Não. — Ela negou com a cabeça e com uma ironia deliberada. — Você não se apaixonou. Eu sei. Eu vivi e senti essa paixão por você durante muito tempo e nunca foi assim como você fez parecer, uma paixão incerta, culpada. E se tiver se apaixonado, não se desespere... — Ela arfou. — ... A paixão sempre acaba. Eu sei. — Desdenhou a sua declaração, irritada, um riso retorcido nos lábios.
— Você... não me ama mais? — Ele gaguejou as palavras com temeridade, a pergunta raspando em sua garganta com dificuldade. Encostado nos travesseiros, ele parecia quase... vulnerável.
— Eu me pergunto se algum dia eu cheguei a te amar.— Com a crueldade no tom de voz ela respondeu rispidamente, negando seus sentimentos duramente.
Negando o amor.
Uma respiração mais profunda. O coração batendo alto e forte. Um suspiro.
Uma lágrima.
Ele cerrou os dentes diante a rudeza das palavras dela.
— Eu sei que um dia você me amou. — Ele disse com os punhos cerrados ao lado do corpo trêmulo, fechou os olhos pra repentina dor que o assolou.
Era tarde demais pra declarar o seu amor por ela?
Porque ela não o ouvia?
Não era capaz de sentir a sua paixão?
Depois de querer o amor dele, agora ela queria distância.
Dele.
— Não mais. — Ela começou a andar rapidamente, respondendo perguntas feitas e não feitas, afastando-se dele ainda mais num esforço contido. — Eu te amei e hoje não mais. — Confessou de costas pra ele. O corpo estremecendo e esfriando.
Não queria que ele notasse que ainda o amava. Não queria que ele visse as grossas lágrimas caindo de seus olhos.
Sua fragilidade. Seu amor. Sua dor.
Ele achava que estava apaixonado por ela. Mas era uma ilusão. Cruel e doce ilusão.
Ele não a amava. Nunca a amaria.
E ela? Pra sempre o amaria.
Negou o amor. Negou o amado.
E partiu.
Deixando-o destruído, perdido num sentimento novo pra ele.
Amor.
Porque só agora ele sabia o que era?
Amor.
Por ela. Que partiu negando que um dia o... amou.
Chorou, enclausurado em sua dor.
Amor. Doía.
Teria sido essa mesma dor que ela sentira durante o tempo que ele negou algum sentimento por ela?
Chorou. Seu amor. O dela. O fim.
Amor.
Um dia acaba!





*Fim.

Escrevendo...



Escrevendo... 

Quero te esquecer em palavras. 
Entretanto, não consigo. Você continua sendo minha única inspiração. 
Meu único desejo. Meu único amor. 
Talvez eu te mate nos próximos versos. Destruo o amor. Rasgo as últimas declarações. Nego o desejo. Reescrevo a minha história... sem você nos meus capítulos. Sem você em minha vida. 
Transformo as palavras em adeus e você em passado. 
É... talvez eu consiga te esquecer, afinal. 
Rejeitando todas as formas de arte, todas as formas de escritas. Todos os poemas e poesias. Rejeitando as canções que falam de você. 
Talvez eu consiga te esquecer quando ao olhar um arco-íris não veja o brilho de seus olhos ou sinta o calor de seu sorriso. 
Talvez eu consiga te esquecer quando fechar os olhos para o colorido do mundo e enxergar apenas o cinza frio de sua distância. 
Rasgarei os versos. 
Emudecerei as músicas. 
Deixarei de ver as beleza das cores. 
Riscarei seu nome dos meus textos. Dos meus sonhos. Do meu coração. 

E talvez assim, eu consiga te esquecer. 


— Rosi Rosa. 

Desistir




Desistir.

De você. Do seu amor. De te esperar. 

Desistir. 

De te amar. 

Rasgar. 

As cartas que te escrevi, aquelas que não te enviei. 

Jogar fora. 

Seus presentes. Suas lembranças. Seu coração.

Apagar. 

As mensagens. As fotos. As recordações. 

Eu sei... 

Tudo se foi agora. 


Rosi Rosa

Adeus



Adeus. 

Eu disse baixinho. 

Adeus. 

Repeti num engasgo. 

Adeus.

As lágrimas já molhavam minhas palavras, inundando meus sentimentos. 

Adeus. 

Eu insisti mais um pouco. 

Adeus. 

Ouvi seus passos ecoando uma melodia triste pelo assoalho gasto da casa. 

Adeus. 

Já não ouvia mais seus passos, apenas o baque surdo da porta se fechando. 

Adeus. 

Eu continuei. 

Adeus. 

Eu gritei. 

Adeus. 

Eu estava sozinha.
Naquele quarto que um dia foi nosso. 

Adeus. 

Eu disse mais uma vez e me calei.

Sem você. 
Sem nós. 
Sem sentido.

Perdida na dor de sua partida. 

Rosi Rosa


SABOR E NUDEZ




Um dia você me olhou
Aquele olhar 
tornou-se letra
unida a outra
tornou-se verbo
amar
uma palavra
um tema
um poema
dois corpos
um lugar
nenhuma palavra
o silêncio nos basta
nada mais importa
tudo é beleza
tato
maciez
sabor
e nudez.


Maria de Fatima

Uma procissão interminável de idiotas, alguns famosos.



Não liguei a televisão, descobri que quando a gente está mal essa filha da puta só faz a gente se sentir pior. Uma cara chata após a outra, parece não ter fim. Uma procissão interminável de idiotas, alguns famosos. Os cômicos não tinham graça e os dramas eram de quarta classe.

Charles Bukowski.

Excesso de palavras



A gente se cala, e não significa que estamos concordando com o que estamos ouvindo, a gente se cala por saber que temos uma facilidade muito grande em ferir quem está falando. A gente não se cala pela falta de palavras, a gente se cala pelo excesso delas.

Sean Wilhelm.