sábado, 4 de abril de 2015

Deixando marcas.



Ele descobre o amor no momento em que ela o nega. 
Pra ele era o começo. 
Pra ela já era o fim. 




Negando o amor.



Depois de querer o amor dele, agora ela queria distância. 
Ele desconhece os sentimentos, até que começa a amá-la, tarde demais.




— Você me deixou marcado. — Ele dizia com lascividade, a marca dos dentes dela queimando-lhe o ombro, excitando-o novamente.

— Eu só marquei a sua pele, lembra? — Ela retorquiu com um sorriso maldoso, malicioso. — Nunca nem cheguei perto do seu coração. De marcá-lo com meu amor. — Falou séria, ressentida.
— Nunca vou te esquecer. — Ele ousou dizer com um sorriso tímido nos lábios.
Era um adeus?
— Esquecer-me será fácil, afinal, nunca houve sentimentos de sua parte. — Sarcasmo e dor marcavam sua voz. — Da mesma forma que você sempre me deixava livre, hoje eu o liberto das minhas emoções, dos meus sentimentos que pareciam feri-lo. — O desafiou com o olhar astuto, levantando-se, afastando-se dele de corpo e coração.
Um diálogo. Um adeus. Vários ressentimentos.
— Eu acho que me apaixonei por você. — Ele disse roucamente. Aquilo era uma declaração? Ela pensava com raiva. Deveria ser uma declaração? Ela praguejou alto.
— Não. — Ela negou com a cabeça e com uma ironia deliberada. — Você não se apaixonou. Eu sei. Eu vivi e senti essa paixão por você durante muito tempo e nunca foi assim como você fez parecer, uma paixão incerta, culpada. E se tiver se apaixonado, não se desespere... — Ela arfou. — ... A paixão sempre acaba. Eu sei. — Desdenhou a sua declaração, irritada, um riso retorcido nos lábios.
— Você... não me ama mais? — Ele gaguejou as palavras com temeridade, a pergunta raspando em sua garganta com dificuldade. Encostado nos travesseiros, ele parecia quase... vulnerável.
— Eu me pergunto se algum dia eu cheguei a te amar.— Com a crueldade no tom de voz ela respondeu rispidamente, negando seus sentimentos duramente.
Negando o amor.
Uma respiração mais profunda. O coração batendo alto e forte. Um suspiro.
Uma lágrima.
Ele cerrou os dentes diante a rudeza das palavras dela.
— Eu sei que um dia você me amou. — Ele disse com os punhos cerrados ao lado do corpo trêmulo, fechou os olhos pra repentina dor que o assolou.
Era tarde demais pra declarar o seu amor por ela?
Porque ela não o ouvia?
Não era capaz de sentir a sua paixão?
Depois de querer o amor dele, agora ela queria distância.
Dele.
— Não mais. — Ela começou a andar rapidamente, respondendo perguntas feitas e não feitas, afastando-se dele ainda mais num esforço contido. — Eu te amei e hoje não mais. — Confessou de costas pra ele. O corpo estremecendo e esfriando.
Não queria que ele notasse que ainda o amava. Não queria que ele visse as grossas lágrimas caindo de seus olhos.
Sua fragilidade. Seu amor. Sua dor.
Ele achava que estava apaixonado por ela. Mas era uma ilusão. Cruel e doce ilusão.
Ele não a amava. Nunca a amaria.
E ela? Pra sempre o amaria.
Negou o amor. Negou o amado.
E partiu.
Deixando-o destruído, perdido num sentimento novo pra ele.
Amor.
Porque só agora ele sabia o que era?
Amor.
Por ela. Que partiu negando que um dia o... amou.
Chorou, enclausurado em sua dor.
Amor. Doía.
Teria sido essa mesma dor que ela sentira durante o tempo que ele negou algum sentimento por ela?
Chorou. Seu amor. O dela. O fim.
Amor.
Um dia acaba!





*Fim.

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