- Sem shippers.
Apenas pensamentos da Sara Sidle.
As cortinas balançam continuamente desnorteando a harmonia do tecido, aos poucos a luz do sol encontra um vão para iluminar o apartamento escuro, as vezes esqueço do sol, porque muitas vezes sou temporal, sou luz artificial...
O sol ganha um espaço maior revelando um ambiente solitário, ouço a melodia suave do canto dos passarinhos, um sorriso bobo brota de meus lábios, escancaro a janela e os raios de sol invadem por completo a sala do meu apartamento, apoio meus cotovelos sobre o parapeito da janela, enquanto tomo um café amargo como eu, fecho os olhos e inspiro o frescor que o dia me oferece, deixo o sol acariciar meu rosto lentamente, o som da rua faz com que eu esqueça a aspereza infindável de meus problemas.
O café antes amargo agora se torna suave ao meu paladar renovado, alguns pequenos detalhes que a vida oferece e aqui estou feliz em pequenas doses, feliz com a luz natural que rabisca meu corpo e alegra a minha alma.
Feliz até o entardecer, quando a luz artificial volta e mostra a amplidão do apartamento escuro e vazio, igual meu coração, desnorteado na escuridão.
Fecho a janela, arrumo as cortinas e novamente volto a ser temporal original, vendaval... na penumbra do apartamento vazio eu me esforço para não chorar ao me lembrar do sol que me abandona sempre ao entardecer, forçando a me adaptar novamente a escuridão.
(( Rosi Rosa))
(( Rosi Rosa))
Não tenho medo nem das chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas. Pois eu também sou o escuro da noite.
~Clarice Lispector~
*Fim