sábado, 11 de abril de 2015

Certo ou errado?




Seria apenas um encontro de uma só noite. Alguns toques e carícias. Vários beijos e um adeus. 




Ela estaria pronta pra um adeus? 

Ele diria adeus, facilmente? 

Eles se entreolharam com intensidade.  

Ela o encarou com seriedade. Ele sorriu. Um sorriso sexy e másculo. 

Com passos devagar, ele se aproximou, segurou sua cintura, puxando-a pra junto de si, do seu corpo quente e forte, olhou sua boca com olhos ardentes, inclinou a cabeça e a beijou numa sensualidade sutil. Ela gemeu. Ele intensificou o beijo, provando com a língua o seu gosto, colando os corpos com atrevimento, mostrando toda a sua excitação. Suas mãos trilhavam carícias eróticas por seu corpo esguio. 

Tocando ombros. Costas. Nádegas. Tocando-a ferozmente. Querendo tocar pele e calor. 

Querendo-a. Inteiramente. Completamente. 

Novamente. 

Ela o abraçou forte, sua língua bailando dentro da umidade doce da boca dele, lambeu seus lábios com suavidade e paixão. Ele pendeu a cabeça pra trás num gemido mudo. Ela sorriu de leve, beijando seu pescoço, sentindo a aspereza de sua barba no toque de sua língua. 


— Você quer? — Ele disse num sussurro fraco. 

Ela respirou fundo, mordendo com forças os lábios. 

Se ela queria? Ela simplesmente morreria se não o tivesse.
Sabia que ao fim daquela noite teria algumas promessas quebradas e um coração partido.
— Sim. — Disse com fervor, nervosa. — Sim. — Repetiu num gemido alto, confiante. Nos lábios um sorriso incerto.

Ele ergueu-a no colo, roçando seu corpo rijo e excitado no dela, fazendo-a suspirar de antecipação e promessas sexuais, deixando seu coração inquieto. Seu corpo inquieto. Seus pensamentos inquietos. E lascivos.
Uma noite. Apenas uma noite. E depois, ouviria o adeus. Definitivo.
Ele colocou-a cuidadosamente na cama, fitando-a intensamente, gravando na memória seu lindo corpo provocante, seu sorriso inocente, seus olhos suplicantes e o amor que ele rejeitava.
Rejeitava?
Uma noite. Apenas uma noite. E depois, diria adeus. Definitivo.
Abaixou o corpo numa lentidão deliberada, beijando os ombros dela, deslizando a alça do vestido por seus braços, desnudando-a completamente. Beijou seus seios, fazendo-a arfar de prazer. Beijou sua barriga lisa, ela retorceu o corpo, erguendo os quadris, querendo mais.
Querendo prazer e querendo amor.
Ele se livrou de suas peças de roupa com pressa, quase com violência. Deitou sobre ela, roçando seu corpo no calor do corpo dela. Beijou-a ardorosamente, suas línguas se tocando com sofreguidão, exigentes e vibrantes.
Excitado, possuiu o seu corpo sem pressa, os movimentos sensuais, ritmados... diziam adeus em cada balanço, em cada vai-e-vem, em cada gemido, em cada lamento.
Era uma despedida. Dolorosa despedida. Prazerosa despedida.
Atingiram o clímax quase juntos. Ele gritou, incapaz de conter o seu prazer. Ela chorou o seu prazer, imaginando sua vida sem ele, sem o êxtase do corpo dele.
Adeus.
Seus corpos diziam adeus, mas o  coração dela resistia a essa partida.
Ele beijou sua testa, a respiração quente, arfante. Secou suas lágrimas com beijos delicados. Ela sentiu um aperto no coração. Não sorriu. Nada falou. Silêncio.
Adeus. A palavra soou numa melodia triste, misturando com suas respirações, num misto de despedida e de dor.
— Nunca vou te esquecer. — Ele disse antes de beijá-la novamente, um beijo calmo. Um beijo de adeus.  Ele tinha medo da despedida?
Mais silêncio.
Ela fechou os olhos, deixando novas lágrimas molhar o seu rosto, sentindo a dor da despedida, temendo a solidão, o frio e o vazio que a ausência dele causaria. O corpo dele pesava sobre o seu. E ela gostava. Do calor. Da proteção. Dele.
Ela o amava. 
Ele apenas a desejava. 
Como viver essa realidade?
Respirou profundamente. Abriu os olhos lentamente. Fixou o olhar entristecido no rosto dele. Nos olhos dele. Nos lábios dele. Sentiu o coração dele bater apressadamente. Com um riso forçado abriu a boca pra falar, sua voz saiu baixinha e fraca:

— Adeus. — Disse por fim, a palavra soando ressentida. Ainda sentia o corpo dele pulsando dentro do seu.
Ele assentiu vagarosamente. Tristemente.
Era apenas uma noite. Uma noite e um adeus.
Beijaram-se afoitos, seus corpos reagindo violentamente. Deixando marcas nos lábios, no corpo e no coração. Beijaram-se pela última vez. Tocaram-se pela última vez.
Amaram-se pela última vez.
Insaciáveis. Adiando o fim.
Adeus.
Soluçando de prazer em seus braços, ela se despedia do amor. Dele.
Ele estremeceu, sentindo toda a suavidade da pele dela, gemendo o seu nome. 
Sua  voz vibrou. De prazer. E de dor.
Talvez fosse melhor que ele partisse logo. Melhor para os dois?
Entretanto, tinham uma noite inteira pra se despedir. Do amor que não queria. Dela.
Uma noite. Um adeus.
Um dia seus caminhos se cruzariam. Estariam preparados pra recomeçar?
Incerteza e medo. 
Prazer e amor. 
Urgência. Rendição. 
Fim.
Naquela noite, com seus corpos estremecendo de prazer, tudo o que eles queriam era a eternidade juntos, mas sabiam, que o fim era inevitável.
Ele queria apenas desejo. Ela queria somente amor.
Certo ou errado, ambos viviam numa única noite suas fantasias.
 Doces e amargas fantasias.
Uma noite. Um adeus.

Rosi Rosa.

A despedida nem sempre é um adeus. Pode ser um "até logo", mesmo que o logo ainda seja demorado.

Mário Pires




*Fim. 


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