sábado, 12 de julho de 2014

Eu te vi





Eu te vi tão distante. 
Sorrindo.
Eu te olhei e desejei que você também me visse.
Não viu.
Continuava sorrindo. 
Feliz.
Nos meus lábios, apenas um risco de tristeza. 
Seria o meu sorriso? 
Triste.
Tão distante você estava.
Tão longe de minhas mãos você se encontrava.
Tão longe de minha voz.
Do meu coração.
Eu gritaria, mas percebi que seu coração não reconheceria  mais o som da minha voz.
Continuei te olhando.
Memorizando a sua risada, a cor de seus olhos e até mesmo aquela ruguinha no seu nariz quando você fica pensativo.
Nesse momento, você estaria pensando em mim?
Eu sabia a resposta, claro que eu sabia. 
Sabia?
Mesmo assim, eu te memorizei inteiro. 
Na cabeça. 
No coração.
Te olhava fixamente enquanto você estava distraído, sempre sorrindo.
Te gravei na retina em luzes coloridas, somente pra te lembrar numa névoa escondida.
Sombreada. Nublada. Perdida.
Antes de me afastar definitivamente de você, eu te olhei uma vez mais e me permiti também sorrir, um sorriso mudo de adeus.
Silencioso.
Lágrimas rolaram de meus olhos e eu continuava sorrindo.
Sozinha.
Eu não soube o motivo de sua alegria, soube apenas o motivo da minha: eu te vi. 
Longe. Distante. Sorrindo.
Eu te vi.  
Longe de mim. 
E feliz!

 — Rosi Rosa.

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