sexta-feira, 7 de junho de 2013

Esquece-me, porque de mim já não lembro mais.



O copo vazio, o corpo cheio, o coração indeciso, a coragem, o devaneio. A descoberta parada, a saudade calada, a esperança cansada e a vontade de ser amado. O medo de perder, a angustia de esquecer, a incoerência de não ver, a desventura de não ter. Os beijos roubados, os abraços dados, corações apertados, delírios evaporados. Os gritos roucos, os desejos loucos, a verdade de poucos e a mentira de outros. O copo encheu-se, o corpo perdeu-se, o medo esqueceu-se e a mentira abandonou-se. Caindo, caindo, caindo… Deixando-me pouco a pouco, matando-me muito a muito. Esquece-me, porque de mim já não lembro mais.


— Cinzentos 

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