terça-feira, 12 de março de 2013

O Amor Acabou



Autora: Rosinea


Título: O amor acabou 


Gênero: Romance?


Shipper: GSR


Classificação: Livre



Sinopse: O que fazer quando o amor acaba de um lado? 
Viver de mentiras ou aceitar o fim? 
Ter um coração que não ama inteiro em suas mãos ou devolvê-lo aos pedaços ao dono (a)? 
O que fazer?



"Algo havia mudado em meu coração, talvez o silêncio, o sentimento vazio, a ausência da sua pele.


Eu não poderia levar mais adiante esse relacionamento parcial, algumas noites de sono perdidas tentando achar uma solução, noites em que passei sozinha, apenas com a promessa de que eu teria um corpo para me aquecer, ele não veio, e isso já não era mais novidade, aquele brilho em seu olhar que tinha toda vez que me via havia se apagado, eu não me enxergava mais naqueles olhos de um azul penetrante, e isto não é fácil de explicar."


Sara adormeceu sobre o sofá frio esperando por Grissom, os pensamentos brincando em sua mente, ainda sonolenta não percebeu que alguém a observava, ele estava sereno, havia tomado uma decisão dolorosa, mas que colocaria um fim no sofrimento de ambos.


Aos poucos Sara foi acordando, esfregou as mãos em seus olhos e o viu parado em sua frente, renunciou a saudade que sentia e conteve-se para não pular em seus braços e abraçá-lo fortemente, a decisão de por um fim em tudo aquilo havia esvaído quando o viu, maldita covardia, ela resmungava para si mesma.


O silêncio chegava a ser tangível, os olhares inquisitivos queimavam suas peles, ardiam em seus corações.


Grissom suspirou profundamente, sentou-se ao lado de Sara e deu-lhe um beijo em sua testa, ela mordeu o lábio inferior, necessitava mais que um simples beijo casto, seu corpo implorava pelo dele, sem pudores, mas aceitou aquele beijo inocente de conto de fadas.


Um pigarro e o silêncio havia se quebrado, dali a poucos instantes, um coração também se quebraria...


_ Sara, eu sei que tenho sido um pouco ausente, mas hoje estou aqui para resolver essa situação.


Ela congelou, sabia que o que ele teria para dizer não seria uma simples desculpa pela ausência prolongada, e isso doeu como um soco em seu estômago, doloroso demais. Seu coração pulsava rápido, descompassado. 


Ele segurou em suas mãos trêmulas, não quis prolongar muito em suas palavras, foi rápido, talvez um pouco cruel, mas verdadeiro nas poucas palavras pronunciadas.


_ Sar, eu não te amo mais. Suspirou pesadamente como se tirasse um peso de seus ombros, inquieto e temeroso esperou pela reação dela.


Ela retirou suas mãos das dele rispidamente, o choque que suas palavras causaram a fez tremer inteira, incrédula ao que ouviu. Ele fechou os olhos negando as lágrimas que brincavam em seu olhar. Sara apoiou suas mãos em seu rosto e chorou, quis controlar suas lágrimas, mas os soluços vieram involuntariamente, desesperados.


Sara levantou tentando esconder o desespero, Grissom sofreu ao vê-la assim, e com um sobressalto foi até ela e a abraçou fortemente na ânsia de tirar toda aquela dor que ele mesmo causara. Culpado por todo aquele sofrimento ele também chorava.


Ela esmurrou seu tórax na tentativa de feri-lo, as lágrimas desciam sem o menor esforço, ele a abraçou mais, na ânsia de conter seu sofrimento, ficaram abraçados por um longo tempo, seus corações batendo forte, enternecidamente.


De almas sinceras a união sincera nada há que impeça: 
amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera, ou se vacila ao mínimo temor.


- William Shakespeare 


Ela se perdeu naquele abraço, sentiu o perfume inebriante daquele homem que sempre amou, e que ainda amava tanto.


Com o rosto marcado de lágrimas e com a voz embargada, ela rasgou seus verbos, expôs seus sentimentos:


_ Você tinha medo de que eu deixasse de te amar, e no entanto, é você quem não me ama mais, em que caminho nós nos perdemos Gil? Qual canto escuro você deixou o meu amor?


Lágrimas escorriam por sua face, as mãos trêmulas tentavam em vão cobrir os olhos vermelhos.


"Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. "Eu te odeio", disse muito apressada. Mas não sabia sequer como se fazia. Como cavar na terra até encontrar a água negra, como abrir passagem na terra dura e chegar jamais a si mesma?


Clarice Lispector


Ele a fez sentar, estava nervosa, ambos choravam, ela por ouvir que ele não mais a amava, ele por colocar um fim em um amor que jurava ser eterno.


Ambos estavam perdidos, cada um em sua própria dor.


Grissom levantou e fitou a janela fechada, seu olhar estava perdido, as lágrimas de Sara rasgavam sua alma, mas o que poderia fazer? Não havia explicação para o fim do amor que sentia, apenas não a amava mais. É crime não saber viver de mentiras? É crime não amar alguém eternamente?


Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente.


William Shakespeare


Com o coração despedaçado, Sara foi até Grissom que chorava em silêncio olhando o vazio de uma janela fechada, agora mais calma, ela entendeu que um relacionamento não pode sobreviver apenas de um lado, e apesar de amá-lo tanto, seu amor não supriria o amor de ambos, não poderia amar sozinha, não deveria amar pelos dois, o amor arrebentou de um lado e não há como inventar um amor, e Grissom já não a amava mais, doloroso para o seu coração aceitar, mas infinitamente doloroso continuar nesse abismo de sentimentos.


Sara o abraçou delicadamente, o choro veio pausado, incerto, confuso. Aceitar essa decisão foi como deixar um espaço em branco em seu coração, mágoas pra vida inteira, mas com o tempo talvez se transformariam em lembranças agradáveis ou quem sabe, suportáveis.


Abraçados continuaram em um diálogo mudo, onde apenas os corações tinham voz, palavras machucariam mais, o silêncio confortava, confrontava, perdoava.



O amor acabou, o respeito não!


Agora mais calmos, Grissom e Sara sentaram um de frente ao outro, com as mãos entrelaçadas, perdoaram-se mutuamente, calados, concentrados em seus olhares molhados, os corações batendo pausadamente, Grissom nada disse, sabia que ela precisaria de um tempo para colocar tudo isso em ordem, deu um beijo em seu rosto e levantou para ir embora, um sorriso triste nos lábios:


_ Tchau Sara, te peço perdão por tudo, você vai ficar bem?


_ Tchau, ficarei sim, não hoje e nem amanhã, mas um dia eu ficarei bem...


Ela tentou sorrir, mas a expressão de seus lábios continuaram tristes. Ele acenou e partiu, a porta fez um pequeno barulho denunciando que aquele homem não voltaria mais naquela casa, não voltaria mais para seus braços que agora estavam vazios e frios.


Ela o viu fechar a porta atrás de si, a tristeza invadiu o ambiente com força, Sara não chorou, apenas fechou os olhos e desejou que tudo fosse um sonho ruim, abriu os olhos lentamente e viu a realidade esmagar seu coração, tudo havia terminado, menos o amor que sentia por Grissom.


Grissom encostou na porta fechada, imaginou que seria difícil esse momento, mas calculou errado toda essa agonia, arfava-lhe o peito de dor, dar um fim ao amor era doloroso demais, inexplicável até mesmo para ele que havia tomado essa decisão, imaginou o quanto Sara sofreria pelo seu ato estúpido, pelo seu amor que findou.


Engoliu em seco a dor que arranhava sua garganta e com passos apressados fugiu da tristeza que emanava dentro de si. Esquecer, ser esquecido... era tudo o que queria naquele instante.


Oh, não se assuste, às vezes, a gente mata por amor, mas eu juro que um dia a gente esquece, juro.


Clarice Lispector


Sara teve vontade de fugir, de fingir, de dormir... sentada naquele sofá frio, olhando aquele apartamento vazio e escuro, adormeceu, um novo dia surgia, uma nova vida teria, agora ela só queria dormir e esquecer. Dormir pra esquecer...


Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas..


Clarice Lispector
















* Fim



(( Rosi Rosa ))

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