O que sei é que foi num domingo, fazia frio, o dia estava nublado, o vento cortava silencioso o ar, você me viu, roçou seus lábios nos meus levemente, me abraçou e aprofundou o beijo, eu suspirei, você sorriu.
No sofá da sala da sua casa, sentamos em silêncio, tanta coisa pra ser dita, mas as palavras se perderam na tensão desse último encontro.
A conversa foi banal, você não me deu nem um único sinal de que seria o fim, o beijo foi mais doce, o abraço mais carinhoso, as risadas mais alegres. E eu não percebi nada, pensava que dessa vez daria certo, que dessa vez nós daríamos certo. Não deu. E eu quase me declarei, engoli as palavras no momento em que o seu celular tocou, você se levantou sem nem mesmo se desculpar e atendeu, falando baixinho, sorrindo com vontade. Se afastou, me deixando sozinha na sala, eu ouvi pedaços de sua conversa ao telefone, e me perguntei quem seria a pessoa do outro lado da linha, a pessoa que tinha o seu sorriso mais sincero e as suas palavras mais amorosas? Não era eu...
Eu ainda continuava sentada no sofá da sala, quieta, tentando acalmar o coração, querendo correr, querendo gritar, querendo fugir. Mas continuei no mesmo lugar, esmagada pela dor e pelo ciúmes.
A ligação terminou e você apareceu na sala com um jeito desconfiado, com as bochechas rosadas, parecia genuinamente feliz e arrependido de me ter ali, com você.
Eu forcei um sorriso, disse que precisava ir embora, estava tarde. Sempre seria tarde em relação a nós dois. Você sorriu de volta, quase aliviado por ser eu a ter pensado nesse subterfúgio. Eu levantei, agradeci, o quê eu não sei, não se agradece por companhia, ou por beijos e abraços. Você me abraçou, e eu quase chorei, mordendo os lábios pra conter as lágrimas.
Eu disse "tchau" e você balbuciou um "adeus".
E nunca mais te vi.
E são nesses malditos domingos nublados que eu sempre lembro de você.
Ainda não consegui te esquecer!
— Rosi Rosa
Ainda não consegui te esquecer!
— Rosi Rosa
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